Para formar leitores, é preciso
que o professor seja ele mesmo, um leitor. O que fazer, se ele não lê?
Na prática, o mesmo que se faz
com os alunos: criar condições para que a literatura vire um hábito. Algumas
ações podem ser contempladas num projeto institucional que preveja a montagem
de um acervo literário voltado ao público leitor adulto; a produção de um mural
com indicações na sala dos professores e a organização de Clubes de Leitura.
Fazer com que o gosto pela leitura contamine toda a escola é um desafio que
rende ótimos frutos. É essencial, portanto, incentivar os professores e demais
funcionários a freqüentar os espaços destinado à leitura, biblioteca ou Sala de
Leitura. Uma das possibilidades é
convidar os funcionários para participar de momentos de leitura coletiva, em
horários previamente acordados entre todos, criando um local aconchegante.
Para formar uma comunidade de leitores, nada
melhor do que estreitar o contato com as famílias e oferecer a elas a
possibilidade de usufruir da boa literatura. Encontros com autores, saraus e
atividades de contação de histórias atraem os familiares e ajudam a tornar a
leitura uma prática difundida socialmente.
Outra ideia é incentivar os alunos a levar para casa um livro e um
caderno de anotações, para que as histórias sejam lidas e comentadas com os
parentes. Além disso, o acervo deve estar sempre disponível à comunidade,
principalmente nos locais em que a escola é a principal fonte de acesso aos
livros.
Para garantir que as obras
transformem a maneira como crianças, jovens e adultos se relacionam com a
literatura, não basta alinhá-las nas estantes da escola. Se o leitor precisa
percorrer longas prateleiras sem entender a ordem dos livros, a busca pelo
título desejado fica desanimadora. Uma das estratégias para fugir desse
problema é separar as obras em literatura infantil, juvenil e adulta - bem como
por tema, autor ou gênero. Uma boa inspiração é pensar em como funcionam as
livrarias. Assim como elas usam estratégias para incentivar a compra, sua
escola pode copiar o modelo com o objetivo de atrair leitores: expor logo na
entrada os volumes mais retirados em determinado período, destacar as novidades
em murais ou jornais internos, montar caixas com os livros divididos por faixa
etária e colocá-las em locais de fácil acesso e deixar tudo sempre ao alcance
dos estudantes - as prateleiras baixas, com itens para os pequenos, e as mais
altas, para os mais velhos.
Receio de que a capa estrague, as páginas se
soltem ou o exemplar desapareça - eis algumas das inquietações que muitas vezes
impedem o empréstimo regular de livros.
Mas é bom lembrar que, como todos os bens de consumo, os livros têm vida
útil e, mais cedo ou mais tarde, precisam ser repostos. Por isso, nenhuma dessas
preocupações pode impedir que os livros cumpram sua função: passar por alunos
de todas as idades e chegar à comunidade. Mais produtivo do que temer perdê-los
é investir no controle de retirada (com programas de computador ou cadernos de
registro). Um exemplar pode não ser devolvido por esquecimento ou porque o
aluno quer ficar com ele. Discutir os direitos e deveres da vida em sociedade e
elaborar regras de uso do acervo - prevendo a possibilidade de renovar o
empréstimo da obra – é uma das possibilidades. Alguma punição -
(sem exagero) pode ser aplicada quando não houver a devolução do livro,
ou ocorrer um grande atraso. Pode-se,
por exemplo, fazer com que o usuário
fique por um certo tempo impedido de realizar novos empréstimos.
*Raquel Léa Brunstein é diretora-fundadora da ONG Plural.
*Raquel Léa Brunstein é diretora-fundadora da ONG Plural.
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