terça-feira, 25 de setembro de 2012

Literatura, vídeo-game e Justin Bieber


Raquel Léa Brunstein*


A principal finalidade de criar um clube de leitura em qualquer espaço educacional é o de fazer com que os estudantes escolham livros interessantes para ler e tenham discussões inteligentes sobre o texto lido. Sabemos, no entanto, que ao criar um clube de leitura na escola uma das principais preocupações do professor é não saber o que fazer se os alunos não conseguirem se lembrar do que leram e sobre o que discutir.
“O que eu faço se eles simplesmente ficarem olhando uns para os outros, ou pior ainda, se começarem a falar sobre os jogos de vídeo-game ou sobre o último lançamento do Justin Bieber?”
Essa questão está provavelmente na cabeça dos que pretendem implementar um clube de leitura, seja na escola, biblioteca ou qualquer outro espaço educacional. É muito importante garantir que os estudantes venham para o encontro do Clube de Leitura nutridos de elementos sobre os quais debater. Você pode estar pensando: “Tudo bem, concordo! Mas meus alunos passam os olhos sobre um texto e um dia, ou até mesmo uma hora depois, não se recordam de nada! Então, como ajudá-los a se lembrar das questões importantes que foram despertadas pela leitura de uma obra?”.
Uma possibilidade é fazer com que os estudantes elaborem questões sobre o que estão lendo, enquanto estão lendo! A leitura de um bom texto desperta sentimentos, perguntas, desenha cenários, traça perfis das personagens e faz o leitor refletir sobre o autor da obra. O problema é que, se o leitor não tem uma estratégia adequada para registrar suas reações, elas se evaporam rapidamente.  Por isso é fundamental que, ao iniciar um Clube de Leitura, se ensine aos estudantes algumas estratégias para registrar os sentimentos, as predições, as perguntas, as deduções, enfim, todas as reações despertadas pela leitura do texto. O simples fato de colocar à disposição do leitor uma sugestão para fazer o registro faz com que ele inicie a leitura de uma forma mais consciente.  Esse instrumento deve convidar o leitor a registrar o que para ele foi significativo - emoções, sentimentos, opiniões etc. - tanto no decorrer da leitura como logo depois de finalizá-la. Todas as anotações, não importa a forma como foram registradas, vão refrescar sua memória e alimentar as discussões entre os participantes  do Clube.
Muitas vezes, ao iniciar um Clube de Leitura, o professor pode sentir-se tentado a elaborar um rol de questões sobre o texto a ser lido, para garantir que os alunos tenham muito conteúdo sobre o que conversar. Mas, ao fazer isso, o professor estará não só reforçando a dependência dos alunos, ao invés de levá-los assumir responsabilidades, como, provavelmente, irá constatar que as respostas às suas questões geram uma conversa superficial e um clima focado em encontrar “a resposta certa”. E certamente, não é esse o objetivo de um clube que pretende ser um espaço  onde conversas sobre a literatura são fluentes, vivas, animadas  e inteligentes.            Na nossa publicação “LEITURA AO PÉ DA LETRA- Caderno orientador para ambientes de leitura”- você vai encontrar várias sugestões para constituir e desenvolver seu Clube de Leitura. Ao longo de nossos encontros neste blog, vamos continuar apresentando estratégias para dar continuidade às discussões do seu clube.

*Raquel Léa Brunstein é diretora-fundadora da ONG Plural.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Como organizar os 45 minutos de aula a favor das experiências de leitura?

Ilustração de Nathan Baroukh no Caderno orientador para ambientes de leitura
Ilustração de Nathan Baroukh no Caderno orientador para ambientes de leitura

Já que o tempo destinado ao trabalho na Sala de Leitura é restrito em função de tantas propostas que queremos desenvolver, faz-se necessário um planejamento bem estruturado nesse sentido. É de fundamental importância que o tempo seja planejado e usado a favor da promoção de experiências de leitura que se pretende garantir.

Por isso, é essencial evitar que atividades não relacionadas ao trabalho com leitura ocupem a aula. A pergunta para nos ajudar a decidir se uma atividade é ou não adequada à Sala de Leitura é: esta atividade pode promover uma boa experiência leitora para os alunos?

Justamente pelo fato de o tempo ser escasso, ter clareza do que se pretende e manter o foco no trabalho com a leitura nos ajudam na escolha e definição de  boas  situações  de  aprendizagem  na  Sala  de  Leitura.  Ao improvisarmos  o trabalho, frequentemente acabamos investindo um tempo precioso em atividades como jogos, vídeos e músicas, dinâmicas que não têm relação com a experiência leitora.

É necessário ter muita clareza e organização a fim de otimizar o tempo de que se dispõe. Organizar previamente a sala em função do que se pretende desenvolver com cada turma, separar os livros que serão utilizados, agilizar o sistema de empréstimo são ações que ajudam a ganhar tempo. É preciso evitar improvisos que fazem com que o tempo didático escoe sem cumprir sua função: ampliar as aprendizagens leitoras dos alunos.


O texto acima faz parte do Caderno orientador para ambientes de leitura. Quer ler mais? É só fazer o download da publicação gratuitamente no site da Plural.

Boa leitura!