Josca Ailine Baroukh*
Leitura é meu mantra,
a ordem do dia, de todos os dias, em minha atuação junto aos educadores, seja
de escolas públicas, privadas, ou de organizações não governamentais. Estendo
esse mantra a todas as faixas etárias, desde os bebês de um ano às meninas e
meninos do final do Ensino fundamental. Quando atuei na formação inicial de
professores, era também a menina dos meus olhos.
Para escrever este
texto, parei para pensar nisso. Por quê? Por que a leitura é tão importante
para mim? Seja como educadora, seja fora dos momentos de trabalho. Os livros me
acompanham, são grandes amigos, estão sempre por perto. Gasto mais do que devo
para tê-los próximos. E os critérios de escolha são bem diversos! Gosto dos
bonitos, vistosos! Gosto dos pequenos, calorosos... Gosto dos temas, das capas,
dos autores, dos cheiros, das cores, do papel, enfim... Gosto dos livros.
Gosto e, como diz
Marta Pinto Ferraz, minha amiga, eu vendo leituras. Vendo a quem tiver
interesse. Vou conversando, ouvindo a pessoa e, de repente, surge uma indicação
na ponta da língua: “Eu acho que você iria gostar muito de ler este livro! Me
lembrei dele enquanto falávamos...”. E assim, vou apresentando personagens,
tramas.
Voltando ao por que,
remeto-me à minha infância. Vivi um tanto isolada, por necessidade de
tratamentos de saúde, e desde muito cedo os livros me foram apresentados por
minha mãe. No início, como leitora, ela me introduziu ao prazer de conhecer
novas pessoas, outros modos de ser. Mais tarde, quando aprendi a ler sozinha,
nunca mais estive só!
Eles estavam sempre
por perto: os clássicos do século XIX, que minha mãe trazia, os quadrinhos,
como Asterix e Timtim, a literatura brasileira, indicada pela escola, os
autores proibidos, e aqueles que eu não conseguia entender (aos quais voltaria
mais adiante). Um pouco mais tarde, chegaram os informativos.
Ah! Quando queria
saber algo sobre assunto desconhecido, era à livraria que me dirigia. Este era
um gasto que meu pai não regulava (da mesma forma que eu faço hoje, com meus
filhos). Assim, quando resolvi estudar Psicologia, comprei algumas obras de
Freud, e me pus a ler. Difícil de entender, bati a cabeça durante vários dias.
Tive que procurar ajuda, ler resumos. Deixei os livros descansando e os retomei
na faculdade. Aí, sim! Eles fizeram todo o sentido!
Livros são janelas,
são portais para outras dimensões, para acessar outras formas de pensar, agir e
sentir.Os personagens nos encantam, emocionam, ou despertam imenso ódio e
raiva. Os autores apresentam novas e inéditas tramas, com seus modos peculiares
de escrever. Gosto de ler vários livros do mesmo autor. Sinto como se ficasse
mais próxima, como se o conhecesse. É como se eu estivesse compartilhando sua
maneira de ver o mundo, de pensar, de resolver sua estadia por aqui.
* Coordenadora da coleção de livros "Interações: onde está a arte na infância?", publicada pela Editora Blucher em 2012.