Raquel Léa Brunstein*
Se perguntássemos aos professores qual o principal
objetivo do seu trabalho, a resposta mais frequente certamente seria “gostaria
que meus alunos tivessem pleno domínio escrita e se tornassem verdadeiros leitores.” Não poderia haver um ideal mais admirável, não é? Se as crianças de hoje
se tornarem leitores, que pensam, analisam e refletem sobre o que leem, suas
vidas como cidadãos, trabalhadores e pais serão, certamente mais verdadeiras e
mais ricas.
Olhando para
as nossas crianças com essa visão em mente temos que nos perguntar o que
estamos fazendo para formar esses leitores? Ou melhor, se observarmos as
atividades realizadas pela escola veremos os alunos fazendo as coisas que os
verdadeiros leitores fazem? Quais atividades e interações proporcionadas pela
escola convidam realmente os alunos a entrarem no mundo dos livros, dos autores
e das ideias?
É comum
encontrar professores que, depois de solicitar que os alunos leiam um
determinado livro ou artigo, estabelecem um certo número de perguntas ou
propõem um tema de redação para avaliar
a compreensão do que foi lido. Covenhamos que essa não é, certamente, a melhor
maneira de despertar a paixão pela leitura.
Se
observarmos o comportamento dos verdadeiros leitores, vamos descobrir alguns de
seus procedimentos mais frequentes: eles escolhem o que querem ler, seja ficção
ou não ficção, livros, artigos ou revistas. Eles costumam usar algum tipo de
registro: notas, grifos, esquemas, diários de leitura, etc., que os ajudam a
aprofundar a compreensão da leitura. Quando terminam de ler algo significativo,
é comum procurarem pessoas que leram o mesmo texto, para discutir e comentar
suas impressões ou esclarecer algum ponto. Assim, à medida em que vão lendo,
eles desenvolvem seu gosto literário,
e descobrem seus autores favoritos.
No entanto,
quando escolhem um livro ou artigo com o qual não se identificam, eles rapidamente o descartam e selecionam outro do seu agrado.
Esses
comportamentos não se parecem muito com o que ocorre nas escolas, não é
verdade? Na maioria das vezes, é a escola ou o professor quem indica o livro
que toda a turma deve ler, não importando o interesse ou a dificuldade do
aluno. A leitura desse livro, de forma geral, é silenciosa e solitária e
raramente inclui uma troca ou uma discussão sobre o que foi lido. Muitas vezes,
a atividade que se segue à leitura serve apenas para testar a memória ou para controlar
quantas páginas foram lidas. Ou seja, as crianças dificilmente têm, na escola,
a experiência que os verdadeiros leitores têm.
Então, qual
deve ser o procedimento para despertar nos alunos a paixão pelos livros? Como
formar verdadeiros leitores?
Vários professores,
desde a educação infantil até o ensino médio, estão criando Clubes De Leitura em suas unidades
educacionais, onde, em pequenos grupos, os alunos têm a oportunidade de
praticar as mesmas atividades realizadas pelos leitores adultos, quando se
reúnem, em diferentes espaços, para discutir sobre um livro escolhido de comum
acordo pelo grupo.
Se você quiser saber mais sobre Clubes de Leitura, consulte
o Caderno de Orientações para Ambientes
de Leitura, material elaborado pela equipe da Plural Assessoria em parceria
com a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Esse material foi
distribuído para todos os professores das Salas de Leitura e bibliotecários dos
Centros de Educação Unificados - CEUs.
Caso não tenha
recebido seu exemplar, você pode obtê-lo fazendo o download no site da Plural: http://www.plural.org.br.
*Raquel Léa
Brunstein é diretora-fundadora da ONG Plural.