sexta-feira, 1 de junho de 2012

O que desperta o prazer de ler?


Raquel Léa Brunstein*


Se perguntássemos aos professores qual o principal objetivo do seu trabalho, a resposta mais frequente certamente seria “gostaria que meus alunos tivessem pleno domínio escrita e se tornassem verdadeiros leitores.” Não poderia haver um ideal mais admirável, não é? Se as crianças de hoje se tornarem leitores, que pensam, analisam e refletem sobre o que leem, suas vidas como cidadãos, trabalhadores e pais serão, certamente mais verdadeiras e mais ricas.
Olhando para as nossas crianças com essa visão em mente temos que nos perguntar o que estamos fazendo para formar esses leitores? Ou melhor, se observarmos as atividades realizadas pela escola veremos os alunos fazendo as coisas que os verdadeiros leitores fazem? Quais atividades e interações proporcionadas pela escola convidam realmente os alunos a entrarem no mundo dos livros, dos autores e das ideias?
É comum encontrar professores que, depois de solicitar que os alunos leiam um determinado livro ou artigo, estabelecem um certo número de perguntas ou propõem um tema de redação  para avaliar a compreensão do que foi lido. Covenhamos que essa não é, certamente, a melhor maneira de despertar a paixão pela leitura.
Se observarmos o comportamento dos verdadeiros leitores, vamos descobrir alguns de seus procedimentos mais frequentes: eles escolhem o que querem ler, seja ficção ou não ficção, livros, artigos ou revistas. Eles costumam usar algum tipo de registro: notas, grifos, esquemas, diários de leitura, etc., que os ajudam a aprofundar a compreensão da leitura. Quando terminam de ler algo significativo, é comum procurarem pessoas que leram o mesmo texto, para discutir e comentar suas impressões ou esclarecer algum ponto. Assim, à medida em que vão lendo, eles  desenvolvem seu gosto literário, e  descobrem seus autores favoritos.
No entanto, quando escolhem um livro ou artigo com o qual  não se identificam,  eles rapidamente o  descartam e selecionam outro do seu agrado.
Esses comportamentos não se parecem muito com o que ocorre nas escolas, não é verdade? Na maioria das vezes, é a escola ou o professor quem indica o livro que toda a turma deve ler, não importando o interesse ou a dificuldade do aluno. A leitura desse livro, de forma geral, é silenciosa e solitária e raramente inclui uma troca ou uma discussão sobre o que foi lido. Muitas vezes, a atividade que se segue à leitura serve apenas para testar a memória ou para controlar quantas páginas foram lidas. Ou seja, as crianças dificilmente têm, na escola, a experiência que os verdadeiros leitores têm.
Então, qual deve ser o procedimento para despertar nos alunos a paixão pelos livros? Como formar verdadeiros leitores?                                                                            
Vários professores, desde a educação infantil até o ensino médio, estão criando Clubes De Leitura em suas unidades educacionais, onde, em pequenos grupos, os alunos têm a oportunidade de praticar as mesmas atividades realizadas pelos leitores adultos, quando se reúnem, em diferentes espaços, para discutir sobre um livro escolhido de comum acordo pelo grupo.
Se você quiser saber mais sobre Clubes de Leitura, consulte o Caderno de Orientações para Ambientes de Leitura, material elaborado pela equipe da Plural Assessoria em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Esse material foi distribuído para todos os professores das Salas de Leitura e bibliotecários dos Centros de Educação Unificados - CEUs.
Caso não tenha recebido seu exemplar, você pode obtê-lo fazendo o download no site da Plural: http://www.plural.org.br.    

*Raquel Léa Brunstein é diretora-fundadora da ONG Plural.